— Como você pode ter certeza que existe mesmo um Deus?
— Porque eu o sinto…
— Sente? Isso não é explicação suficiente! E se depois de todo esse esforço para andar dentro das tais leis da Bíblia, você morre e descobre que não há nada além disso aqui.
— Hum, sim, parece um risco para quem não crê na verdade, mas, pragmaticamente, pelo menos terei vivido de forma correta. Só isso já bastava, não?
— Me parece muito etéreo basear toda uma conduta de vida esperando um “prêmio” para uma outra vida após essa.
— Mas o prêmio também está nessa vida: é a graça de Deus no meu coração, me enchendo diariamente de uma alegria e uma certeza de que este é o caminho.
— Não consigo compreender como podes ser tão cego. Não vê que não passa de uma crença. Não é racional.
— O que é racional? Acreditar que não somos mais que pó? Nem os astrônomos acreditam mais nisso. Mas o que você pretende com esse questionamento? O que você tem a me oferecer em troca?
— Nada, ora bolas, só queria te elucidar, você, tão inteligente, não pode ser assim, fanático a ponto de levar uma vida inteira sob preceitos religiosos.
— Então você quer simplesmente que eu deixe de acreditar em Deus para acreditar, em quê, no homem? Na matéria? Deixe-me te explicar uma coisa, a fé é uma bengala.
— Exatamente! A fé é uma bengala! Você está se apoiando em uma bengala, mas você não é aleijado.
— Nós dois temos visões diferentes dessa bengala. A bengala me ajuda a andar sem tropeçar. Eu levanto a bengala com as duas mãos sobre a minha cabeça, assim, e imediatamente me torno imponente, ameaçador. Eu posso usar essa bengala como uma arma, bater com ela em sua cabeça, e me tornar perigoso. A bengala é parte do meu corpo agora. Se você me tirar essa bengala, eu não vou conseguir andar direito, eu vou cair. Isso é a fé. Se você tirar a bengala de alguém, precisa oferecer outro apoio em troca. Mas acontece que não há no mundo nada mais potente que a palavra de Deus. Ela vai sempre me acompanhar, quando faltar a justiça humana, quando faltar o cuidado parental, quando faltar coragem. Porque a palavra de Deus é “A verdade, o caminho e a vida”.
— Ainda assim, é uma bengala, significa que você não está andando com as próprias pernas, mas se apoiando em ideias de outros.
— Não! Significa que estou aprendendo a andar nos passos de Cristo, depois de ter finalmente me libertado das tiras de fantoche do mundo. Você não consegue ver? Agora sou livre, vou por onde decido que é correto, ao invés de ir aonde me mandam. Mas ainda estou aprendendo a andar por mim mesmo, por isso preciso da fé em Deus me guiando, me apoiando, às vezes, até, me carregando no colo.
Ora, a fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos. (Hebreus 11.1)
